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quarta-feira, 30 de junho de 2010


se olharmos com atenção


há sempre um prisma em que um nome próprio não parece bonito

será pela vocalização

ou pla posse?

domingo, 27 de junho de 2010




digo palavrões



insultos variados



sem a mínima sensatez



despejo palavras compridas



seta direitas ao alvo






digo palavrões direitos ao parlamento



em linha recta



o poeta não se mete na política



atira-se contra ela



com toda a força






deito palavrões na bancada de políticos



ácidos desfazendo fatos



bombas armadilhadas em líderes penteados



eles não vão lá com metáforas



é pena









sábado, 26 de junho de 2010




a velha no retrovisor



enfadada



mantendo a pose



de pulseiras e anéis de ouro



agitando-se






não conheço a velhice das coisas feias



gosto de relicários



objectos usados



sujos






tenho um relógio de soldado americano



andou no vietnam



está lá escrito






não sei se chegou a fazer sangue e o tom amarelado do mostrador são os dentes dele com fome












sábado, 19 de junho de 2010



não tive tempo

para chorar


nasci de mochila às costas

e já sabia maneiras elegantes de conjugar palavras


não ri por mim

não tive paciência nem jeito


andei a roubar legumes na horta alheia

a encher a boca de outros para que não pudessem falar

nunca por caridade

fiz algo

apenas pelo silêncio.


sábado, 12 de junho de 2010


conjuga o verbo amar

só no presente do indicativo

é uma conjugação regular

de fácil memorização



e os bichos masturbam-se com simplicidade própria da acção

a chuva não mente

segunda-feira, 7 de junho de 2010



quando tatuar a palavra no ombro direito


de moeda em riste


pedirei um desejo


ou mais






de costas prá fontana di trevi


trinco com os caninos cinquenta cêntimos


e as notas no banco ficam tristes


por não serem vil metal atirado ao mar






o dinheiro traz a felicidade de pedir desejos em locais estrangeiros

a palavra tatuada é fé