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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Faz pontaria aos pássaros.
Compra uma espingarda e desata ao tiro. 
São animais que metem asco; terror de asas. 
Conhecem lugares que só podes imaginar. E fazem troça dos toutiços calvos. 
Só uma vez lhes achei graça: cagaram-te em cima, quando te baixaste para me devolveres a aliança. 
A natureza é sempre certeira; mesmo a do esgoto. 
As alianças não se devolvem. Desfazem-se.
É ácida a pontaria.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Vou escrever no muro: gosto (de ti). Por extenso, sem expectativas. Limpo e doce. Junto apenas uma prescrição: transfusões de morangos pela boca; eficaz na anemia.
A luz que subverte a escuridão; revela cores.
Verbalizo: A m o r. E tudo amornece. 
Cá dentro abre-se uma toranja. Vitaminas contra as doenças do frio.
A m o r. 
Fingir que se dorme ao colo do pai durante o Inverno. Permanecer amada.
Derreto-me. 
Tenho sempre cinco anos; apesar de tudo. 
Fiquei naquele momento, 
antes de aprender a ler. 
É preciso verbalizar muitas vezes: 
Amor
Amor
Amor.
E tratá-lo não como palavra, mas sintaxe.
Não dês músculo. Revende esse órgão.
Dá uma boa maquia. Aqui ou no estrangeiro de terceiro mundo.
No buraco que resta - minibar de poucas estrelas - há água das pedras e limão. Podes comprá-la. E bebê-la. Aproveita enquanto está fresca. 
E se tiveres uma indigestão e caíres morto, que se foda. 
Um corpo sem aquilo que vendeste
é só um caixote que tomba.

Deita-te sobre a barriga, as mamas acabam por adormecer.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Espreitar o avesso. E nunca mais infância.
Com sorte, sol morno pelo vidro do carro; pés descalços nos pedais. 
E na paisagem: instagram de relva e cães sem trela. 
Procura desentender.