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terça-feira, 13 de abril de 2010


A luz pendente da estação de serviço assobia um som nocturno e agudo. Cheira a gasolina, a after-shave e mentol. Ele está fechado no ford verde escuro a fumar de vidro entreaberto, enquanto espera a chegada dela na sua velha scooter, cai silenciosa a cacimba. Ouve-se ao longe o som da motorizada. Ele abre a porta do velho ford e esmaga a beata com o pé. Fecha a porta e depois sobe a nesga vidro, fechando-o. Sintoniza o rádio. Pára na clássica, algures no ínicio da paixão de s. mateus de bach. Ela estaciona a mota, longe do ford. Tira o capacete e sacode os caracóis louros escuros. Tap tap tap, os saltos a bater no alcatrão húmido. Aproxima-se dos vidros embaciados do ford e com o dedo médio desenha um coração.