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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Não há terra na cidade; o chão inculto.
Na esterilidade da metrópole, só infância e velhice.
Os bairros transformaram-se num enorme fraldário.
Experimenta comprar um bilhete de metropolitano; por comparação, a tua merda torna-se-á noutra coisa, talvez fecunda. 
Na cidade tens de aprender a viajar para todos os lugares esteréis. 
Cultivar essa aridez é o exercício do cosmopolita.

in Trespasse Imóvel

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Apostámos virar a esquina.
As minhas cuecas italianas; os teus óculos escuros. 
Metidos na autoestrada onde há máquinas a fazer de portageiros. Sem testemunhas directas. Apenas a gravação de vídeo vigilância.
Não sei quantos quilómetros percorremos à procura dessa meta perpendicular. As minhas cuecas cada vez mais usadas; os teus óculos a reflectir o outro lado da estrada.
Nenhum caminho para dobrar; e a tentação cada vez mais alta. Subimos a parada: a minha roupa íntima completa e os teus óculos escuros mais a caixa onde nunca os guardas.
Na área de serviço encontrámos o mais próximo de ser esquina.
Uma quina modesta impermeável à viatura.
Saímos do carro. E a pé percorremos o paralelo infinito da estradas: várias dentro de outra. A nossa aposta era mais uma troca.
Dobrámos o trilho: miragem de sentido único e beco.

in Trespasse Imóvel